// Câmara do Porto traça plano de limpeza dos graffiti para "dissuadir prática ilícita"
O plano de intervenção traçado pela Direcção Municipal do Ambiente e Serviços Urbanos visa "manter a cidade limpa e combater o sentimento de insegurança".
São sobretudo stencils, graffiti e tags os grafismos da chamada street art que estão a ser alvo de uma acção de limpeza por parte da Câmara Municipal do Porto. O plano definido pela Direcção Municipal do Ambiente e Serviços Urbanos (DMASU) engloba muitas paredes da cidade, mas, neste momento, os esforços de remoção estão voltados para as travessas de Cedofeita e do Carregal e para a Rua D. Manuel II. A intervenção em Cedofeita está a decorrer desde a segunda semana de Julho, mas Gabriela Leite, da DMASU, prevê que a brigada continue a actuar naquela zona "pelo menos mais um mês".
Até ao momento, as duas equipas de intervenção que a câmara constituiu removeram "600 metros quadrados de graffiti e 2000 metros quadrados de outras sujidades que não graffiti". A operação de limpeza das paredes das ruas do Porto surgiu na sequência de "um levantamento exaustivo dos graffiti existentes na cidade" que permitiu a definição de um mapa de actuação conhecido internamente. Apesar de não serem divulgados os próximos locais alvo da operação de limpeza, o certo é que "sempre que voltar a aparecer um graffiti na zona já intervencionada, a sua remoção será prioritária", avisa a DMASU.
A câmara acredita, assim, que "a rapidez de actuação pode dissuadir a prática ilícita" e "combater o sentimento de insegurança".
A DMASU explica ainda que o plano de limpeza das paredes vem dar resposta "a uma grande preocupação do Pelouro do Ambiente", tutelado pelo vereador Álvaro Castello-Branco: "manter a cidade limpa e agradável em todas as vertentes do sistema municipal de limpeza urbana".
Contactados pelo PÚBLICO, os graffiters Gon e Mr.Dheo acreditam que era importante haver uma selecção dos grafismos removidos pelas equipas de intervenção. "Há tags que realmente não deviam estar lá, mas a câmara devia ter um meio-termo", afirma Mr. Dheo. "Se optarem por uma limpeza a cem por cento pode haver um aumento das pinturas", acrescenta o artista urbano. Sobre esta possibilidade, Gon não mostra dúvidas: "É bom que tirem algumas coisas, mas daí a acharem que a Travessa de Cedofeita vai ficar limpa, não me parece", revela entre risos. Para Gon, uma forma de tentar evitar a pintura ilegal seria a aprovação por parte da câmara de algumas propostas em determinados locais da cidade. "Não há local nenhum e esse é que é o problema, aliás, agora nem há sítios onde comprar uma lata", revela Gon. "A arte urbana noutros países é uma disciplina, aqui os artistas urbanos são vistos como criminosos. É triste", acrescenta.
// Pintar com contrato
Perante um cenário em que é ilegal pintar em qualquer lado da cidade, Mr. Dheo opta por fazer "contratos" com os proprietários das casas que apresentam muros interessantes para o graffiter. "Os espaços que temos somos nós que conseguimos", afirma. "Quando vemos uma casa com um grande muro virado para a rua, batemos à porta e pedimos autorização para pintar. Depois elabora-se um documento que é assinado por ambos", esclarece Mr. Dheo.
Segundo a Câmara do Porto, este ano já foram limpos "cerca de 10 mil metros quadrados de fachadas em várias artérias da cidade, de que são exemplos a marginal desde a Praça de S. Salvador até ao Molhe, Cordoaria, Carmelitas, Soares dos Reis, Galerias Paris, Miguel Bombarda, Avenida dos Aliados, Santa Catarina, Sá da Bandeira, Ribeira, bairro de S. Tomé, bairro da Pasteleira, Mata da Pasteleira e jardim de S. Lázaro". A calendarização das próximas acções de limpeza depende de factores como "o grau de reincidência em zonas já intervencionadas, o número de graffiti novos que aparecerem noutras zonas, o grau de dificuldade de remoção e o acesso ao local".
// Artista Mr.Dheo confiante
Projecto entre graffiters e autarquia pode avançar
Há cerca de duas semanas, o graffiter Mr.Dheo esteve reunido com o vereador da Cultura, Turismo e Lazer, Gonçalo Gonçalves, para a apresentação de um projecto de reabilitação do Porto com recurso à arte urbana. "Não quero adiantar muito", afirma, "mas é um projecto de intervenção artística pensado, com conceito, em espaços onde as pessoas possam ver", esclarece. Mr. Dheo conta que já tentou lançar propostas de reabilitação de locais do Porto várias vezes, mas que nunca conseguiu "chegar ao coração das pessoas". Apesar de estar confiante em relação à concretização do projecto discutido na câmara, o graffiter lamenta que o apoio tenha chegado tão tarde. O PÚBLICO tentou entrar em contacto com Gonçalo Gonçalves para conhecer outros pormenores da reunião, mas não obteve resposta. Sabe-se apenas que a proposta apresentada pelo artista urbano está a ser avaliada pelos vários serviços da autarquia.
*Fonte: O Público
3.8.09
C.M.Porto
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2 comentários:
grande aparato
rip graffiti ......
fuck tecno-graffiti
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