25.8.08

Cartel entrevista UBER



// Porquê "Uber" e em que ano surgiu pela primeira vez na rua?

UBER: Surgiu a primeira vez na rua por volta de 94, não tenho bem a certeza, foi em forma de tag mas em casa já andava de volta das letras UBER à muito tempo. Primeiro na ideia de "urbe" e depois "uber" que quer dizer "sobre" em alemão e "fertilidade" em latim... a razão principal foi a forma das letras juntamente com o significado do ficar "up".

// É uma pergunta clássica mas as vivências são sempre distintas. Como era a cena do graffiti em portugal nessa altura?

UBER: Tranquila, sonhamos muito, pelo menos eu... antes das marcas, tu sabes...

// Mas o teu trabalho é inconfundível e é difícil um writer conseguir ser versátil mantendo sempre um estilo original e que se distingue dos demais...Numa altura em que a internet não existia e as revistas eram praticamente uma miragem, quais as principais fontes que encontraste para a tua evolução?

UBER: Viajei. Fui a Paris, a meca do graff europeu na altura, e estive lá nos bairros da periferia com uns amigos do Obey (na altura Kase), Barcelona, Londres...tirei fotos e comprei revistas, mas a minha influência foi sempre mais exterior ao graff e ao mundo Hip Hop. Mais BD onde era aficionado pela cena brasileira, "chiclete com banana"...



// Partilha uma daquelas experiências que só se viviam mesmo na velha escola...

UBER: Hmmm.... estar a pintar em Campolide (wall of fame) e passar o Sampaio (na altura presidente da Câmara) com o seu filho, e ficaram a observar-me a pintar e a comentar o traço e tal...eheheh

// Embora inactivo desde 2000 continuas uma referência presente no graffiti nacional. Paraste...porquê?

UBER: Parei por múltiplas razões, a cultura de consumo tinha revirado a cena genuina do graff e cada vez existia menos noção de conjunto, estava tudo disperso sem impacto positivo. Fui para fora e aproveitei para estudar a coisa, parei de fazer o que fazia mas estou bem activo e a iniciativa "As paredes do bairro" é exemplo disso (http://futurodasparedes.wordpress.com/). De resto como autor ando aí, faço as minhas cenas mas descoladas de "Uber" claro.

// Mas nestes oito anos, e estando atento ao que se vai fazendo e assistindo até a um novo "boom" em 2002/2003...a vontade de voltar ao activo existiu de certeza. O que faltou nesse momento para o regresso?

UBER: Estava em Roma, noutras danças...

// Como vês o graffiti português hoje? Achas que temos writers com qualidade para um reconhecimento mundial?

UBER: A cena hoje passa muito pela compreensão do que é ser writer, se implica fazer letras e pintar com a lata de spray ou se é uma atitude de apropriação do espaço publico de uma forma visual...eu fiquei bem contente quando vi a VSP, é pessoal que reflecte sobre o graff e a street art, incondicionalmente.

// Só podia terminar com uma pergunta dificil. Vamos ver novos "Uber's" ou não?

UBER: Eles andam ai...

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