29.2.08

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28.2.08

Diário de Noticias - Grande Reportagem - 16.02.08



"O VANDALISMO ASSUMIDO E EXPLICADO PELOS VÂNDALOS"

Graffiti e Graffiters

Crime, arte, lixo, vandalismo, "forma de expressão" ou atentado, terrorismo ou cultura urbana? Graffiti é isso tudo.
Falar do fenómeno e falar com quem protagoniza é descobrir um paradoxo. "Graffiti não tem defesa possível", diz um dos jovens que mais tags conta nas ruas de Lisboa. E ele não defende: faz.
Confessa que quando lhe riscaram o prédio não gostou e que puxaria as orelhas a quem o fez - mas ele próprio o faz aos prédios dos outros. Porquê? porque gosta. Porque é proibido, porque "é um jogo", porque se fazem "coisas giras". E porque é muito dificil impedi-lo.
Tudo isso e a ideia de que as cidades são de quem as reclama, de quem as marca.


As cidades riscadas irritam toda a gente. Até quem as risca.

"Graffiti não há defesa possível. è mau, é feio, é sujo e destrói." Quem o diz não é um autarca ou um presidente de junta de freguesia, um nqualquer representante da autoridade ou um vulgar cidadão incomodado com os riscos na sua rua, com o estado deplorável do Bairro Alto ou com a dessacralização de monumentos a golpes de spray. É Keims, 19 anos, dono de uma das tags mais repetidas nas ruas de Lisboa, membro da Reis Crew, um grupo de oito que já custou muitos milhares de euros à CP e ao Metro e cujo portfolio fotográfico, acumulado em anos de actividades cuidadosamente planeadas ("são autênticos jogos de estratégia", diz), soma centenas de imagens.

Paredes, claro, mas sobretudo comboios. Comboios e mais comboios pintados de alto a baixo, janelas e tudo, fotografados dentro dos túneis do metro ou ao ar livre, do ângulo certo para o máximo de efeito, "horas e horas ao frio, sem dormir, à espera que o comboio que pintámos apareça, que a luz esteja certa, o ângulo correcto...Temos de fotografar antes que mandem limpar. No metro temos de captar as imagens dentro dos túneis, porque eles nunca deixam circular uma composição pintada."
Um trabalho à séria, como se fosse um trabalho a sério. No qual se pode arriscar até a vida - Keims não conhecia o jovem que em 2003 morreu eletrocutado na estação de metro do Rato, mas, como todos, sabe da história - e decerto umas bulhas com grupos rivais, umas corridas a fugir da polícia ou dos seguranças, talvez uns abanões e umas cacetadas, uma multa e algum trabalho a favor da comunidade. Um trabalho que custa dinheiro, a três euros a lata e a umas 15 latas o comboio.

"Como é que eu hei-de explicar? Realmente é muito complicado." Nos olhos vivos e boca trocista, Keims exibe a graça do paradoxo. "Tenho plena consciência de que é mau. Mas gosto de passar na rua e ver as tags, o meu nome e o dos outros, e gosto de planear as acções. Gosto do ambiente, do grupo..."
O orgulho no que faz é óbvio na exibição das imagens, na acumulação de gadjets para testemunhar as façanhas, entre máquinas digitais e cd's com muitos megabytes, nas descrições entusiásticas. "O ambiente nos túneis do metro é incrível, o ar é pesado, não se vêem bichos. Não há vida lá em baixo a não ser umas baratas enormes, nunca vi baratas tão grandes." A forma como se conseguem introduzir nessas zonas interditas, com alarmes, circuitos de videovigilância e seguranças musculados assume contornos de epopeia. Como as fintas à polícia chamada pelos funcionários das companhias ferroviárias, "com tiros e tudo", garante Hugo. "São uns selvagens. Nós somos adrenalina fácil para eles, não temos perigo nenhum. Já vi as balas a baterem na chapa do comboio ao meu lado." A sério? O rosto travesso endurece. "A sério. A última vez que isso aconteceu foi em Dezembro de 2006. Estava a pintar um comboio em Alverca."



Em portugal não houve até agora nenhum caso reportado de morte nem de ferimento de graffiters por acção da polícia, mesmo se Keims não é o único a testemunhar perseguições com balas e tareias nas esquadras. Por outro lado, o pedido de informação à PSP sobre o número de ocorrências, detenções e queixas relacionadas com graffitis não é muito bem sucedido. Dois meses após o primeiro pedido de informação, enviado por escrito, a Direcção Nacional da PSP nomeia o subintendente Luís Elias, do "departamento de operações", para "falar sobre o assunto". Números, nada. "Temos na nossa estatística o crime de danos mas há alguma dificuldade em autonomizar os graffitis", assegura Elias. "No entanto, é visível que o fenómeno está a alastrar, não só por uma observação do estado das ruas como também pelo número de intervenções."

O problema das estatísticas, porém, será também devido ao facto de existirem situações em que "jovens são detidos em flagrante delito e depois os lesados, sejam proprietários de prédios sejam as próprias empresas ferroviárias, não avançam com o procedimento criminal. Não querem "chatices"..."
Os perpetradores são sobretudo jovens do sexo masculino. "O típico é o adolescente entre 12 até 20. Mas já encontrámos miúdos de sete e oito anos e indivíduos de 26 anos a danificar monumentos públicos." Soluções? Luís Elias suspira. "Não há soluções. Não se resolve com um polícia em cada rua, de certeza. Há uma questão de princípio que é de ser necessária uma consonância de várias entidades, dos municípios aos proprietários, no sentido de combater este fenómeno. E um dos pontos essenciais é que é preciso limpar, para não dar a ideia de laxismo. É a teoria das janelas partidas..." A teoria das janelas partidas: a degradação atrai degradação, o vandalismo atrai vandalismo. "Não se pode passar a mensagem de impunidade. Se se limpar o que eles fazem eles deixam de fazer. No Parque das Nações, por exemplo, não há graffitis. Os condomínios mandam limpar tudo e há segurança privada." A vidiovigilância, a alteração do tipo legal do ilícito - passando-o do âmbito criminal para o contra-ordenacional, ou seja, à sujeição automática a multa, ou a aplicação sistemática de trabalho a favor da comunidade ("uma medida muito aplicada lá fora é obrigar os miúdos a limpar o que fazem, a detenção só, para eles, é um troféu mas ficam envergonhados se os obrigarem a limpar") são hipóteses de combate aventadas pelo oficial da PSP. Mas algumas, como a da limpeza sistemática, são contraditadas pela realidade: afinal, o metro não deixa circular uma única composição graffitada e não é por esse motivo que os graffiters deixam de as pintar. Há até quem, como Keims, proteste quando as coisas não são limpas: "Não sei o que se passa ultimamente com a CP, parece que não estão para se chatear, limpam mal. Parece que se renderam...Acho mal, gosto de ter os comboios limpos..."
Um jogo de gatos e ratos em que não é sempre fácil saber quem faz de rato. e que não teria razão de ser se o "código do genuíno graffiter", que Luís Elias cita como sendo de "só pintar fachadas de edifícios abandonados", fosse seguido. O problema, conclui, "são as imitações".

Eis uma perspectiva em que Mean, 22 anos, e o oficial da PSP se encontram. "Eu opto sempre por um prédio gasto. Não tenho a ganância de ir para o prédio novo porque a tinta agarra melhor, porque fica mais bonito...Mas a maioria prefere a superfície lisinha, faz mais efeito." Recém-licenciado num curso de análises clínicas, Mean desmente a aclunha no rosto doce e na suavidade do trato. Mas o cadastro, com uma condenação, em 2000, por dano (na estação de Paço de Arcos) e outra por invasão de propriedade, acusa as actividades "extracurriculares" que mesmo a mãe desaprova. "Ela diz "Até está bonito", mas critica. Ainda no outro dia me disse que no comboio não conseguia olhar lá para fora porque as janelas estavam pintadas. Reconheço que é chato - as pessoas nem podem ler o jornal por falta de luz...E não vou dizer que nunca fiz danos na propriedade dos outros, porque não seria verdade".

Foi há uma década, mais coisa menos coisa, que Mean e o amigo Nain, de 23 anos, entraram naquilo a que chamam "uma cultura". "Começou na zona de Oeiras, pintava-se a marginal...Depois veio a cultura de pintar comboios. e o boom, entre 2001 e 2003". A deslocação do graffiti para o centro de Lisboa ocorreu já depois disso. "É a capital, é onde toda a gente passa...É um bocado uma declaração de posse: "Estive aqui". As fachadas do Bairro Alto, integralmente "garatujadas", são o mais impressionante exemplo desses testemunhos de passagem cuja repetição dita, explica Mean, "uma hierarquia de respeito: quem tiver a mensagem mais espalhada ganha".

Uma competição que começou, no último ano, a alastrar a zonas até então praticamente virgens do centro da cidade, como a Baixa, a Avenida da Liberdade, a Sé e Alfama, à medida que a febre dos graffiti foi ganhando mais adeptos. "Realmente nos últimos meses intensificou-se e 'tá tudo tudo pintado", observa Keims. "Até já pintaram o meu prédio. Se apanhasse o puto que fez aquilo dava-lhe um puxão de orelhas". Ao olhas perplexo da interlocutora, exclama: "É o meu prédio!"

Eis a suprema ironia, uma espécie de caricatura da atitude dúbia da generalidade das pessoas em relação aos graffiti: afinal, quem não acha graça a algumas paredes ou muros ou mesmo à imagem impressionante de um comboio pintado de alto a baixo? "Em geral, o cidadão médio só se preocupa se lhe tocar a ele", observa o subintendente Elias. "As pessoas em termos de cidadania tendem a virar as costas". Há até muito "bom cidadão" a incentivar os filhos a esta "expressão". Mean testemunha: "Na novela da TVI Morangos com Açucar a dada altura houve uns episódios em que uns tipos faziam graffiti. Foi incrível o efeito: estávamos na loja das latas e apareciam mães com miúdos de 8 e 9 anos a comprar sprays e marcadores". Um dos donos da Cans Shop, Hugo Baptista, confirma. "Perguntavam onde é que se podia pintar. e eu respondia: em lado nenhum. É ilegal. Mas elas compravam na mesma..."

Até no discurso político a indefinição é a regra. Quando em 2001 o CDS/PP falou em aumentar as penas para os graffiti, surgiram muitas vozes à esquerda a contestar o ataque a "uma forma de arte urbana". E na última campanha autárquica de Lisboa não foi fácil obter repostas firmes dos candidatos sobre a matéria. Sá Fernandes e Helena Roseta defendiam a utilização de "tintas laváveis" nas fachadas (cuja eficácia anti-graffiti só dura umas tantas "riscadelas"), recusando "a via musculada"; e mesmo Telmo correia (PP) admitia o estatuto de "arte" aos graffiti, sugerindo que lhe fossem "reservadas" áreqas apropriadas, com "sensibilização" no sentido de só se pintar aí.

Uma opção que a freguesia de Santa Isabel (bairro entre o Rato e as Amoreiras) abraçou na campanha "Santa Isabel mais limpa", lançada a 14 de Fevereiro. Anunciando a criação de "uma brigada anti-graffiti" para "remover de forma periódica todos os graffitis da freguesia", certificava-se também: "Por outro lado, os graffiti são também uma expressão artística com a sua própria história e evolução e faz parte de uma nova cultura urbana (...) assim sendo será lançado um espaço próprio na freguesia para todos aqueles que queiram expressar a sua arte o possam fazer num espaço apropriado que será limpo frequentemente para que exista espaço para todos".

Uma "solução" que Keims despreza. "Isso a mim, confesso, não me cativa minimamente. Hoje só me cativa tudo o que não é suposto: comboios, metros, rua". Sorri o seu desarmante sorriso de adorável rufia, o aluno da Academia de Belas Artes que de noite enfia a soqueira ("Para se encontrarmos um grupo rival") e vai, de latas na mochila e capuz até aos olhos, assinar o seu nome pela cidade. Desenhar, pintar, decorar "fazer arte". E vandalizar, destruir, causar prejuízo. Os graffiti vivem neste e deste paradoxo. Cada tag na parede repete a mesma pergunta: o que é uma cidade? De quem é? Alguém pode declará-la sua e deixar-lhe assim, sem pedir licença, a sua marca? "A minha mãe diz: vocês agem como ladrões", confessa Mean. "Chama-nos delinquentes. E somos. Somos delinquentes".

Excerto da "Grande Reportagem" do DN por Fernanda Câncio

Koe

Documentário "Arte de Rua"

Entrevistado: Oker

Oker,Isar,mesk e Uzo.Maia.2007

27.2.08

Youth

Famalicão.2007

Pariz & Vile

Another

26.2.08

Caos

Porto.2007

360º

360º aka Ego - Back in the days





Sobre Carris 2 - Trailer

Já à venda no mercado negro!

25.2.08

Write4Gold - Lisboa - 29.03.08







Data: 29.03.2008
Local: Parede do Luso Futebol Clube
Cidade: Barreiro (Lisboa)
Evento: Batalha Ibérica (Qualificação oficial para writers de Portugal e Espanha)
Showcase: Breakdance & MC Stage
Júri: Poet (Alemana)
Media Partner: H2Tuga
Partner: Dedicated Store (Lisboa)

APRESENTAÇÃO:

O objetivo do "Write4Gold" é apresentar ao mundo a palavra “Graffiti” exigindo que esta seja descritas no dicionário. "Write4Gold" é um dos principais eventos de Graffiti do mundo realizando competições nos quatro continentes e tendo a sua grande final internacional na Alemanha.

Write4Gold possui representantes em cada país/continente, e assim cada cidade conduz sua própria competição "Write4Gold", sendo o Barreiro o local escolhido para a Batalha Ibérica em 2008.

As regras e regulamentos são comuns a todas as competições realizadas nos quatro continentes o que assegura a integridade do evento, reforçando o "Write4Gold" como a única competição mundial com as categorias “Produção”, “Tag”, “Sketch” e “Trhow-up”, que são os fundamentos básicos do Graffiti. Em cada uma das competições realizadas em diversos locais dos quatro continentes contará com um vencedor e este disputará a grande final na Alemanha em Julho de 2008.

Desde 2002 que o "Write4Gold" se propõe a dar apoio a jovens motivados a tomar parte do planeamento e implementação do "Write4Gold", funcionando como um apoio para a expressão de todos os writers e encontrando e destacando as melhores Crews de Graffiti do mundo chegando este ano com a inclusão de Portugal.

CATEGORIAS:

Produção (Prioridade 60%)

Cada Crew fará uma produção dentro de 8 horas sob as seguintes condições: mesmas cores (50 tipos de cores Molotow Prêmio 400ml) e mesmo tema (fornecido pela organização alguns minutos antes da competição começar).

Throw-Up (Prioridade 15%)

Um membro da crew executa um Throw-Up sob as seguintes condições: mesmas cores (2 tipos de Molotow Ação Produtos, Bico de gás Cromo 600ml, 3 600ml ou semelhante), mesma palavra (fornecido pela organização alguns segundos antes da competição começar), mesmo tempo: 90 segundos.

Tag (Prioridade 10%)

Um membro da crew executa um tag sob as seguintes condições: um marcador ou spray (Molotow 620PP, Molotow Prêmio 080 400ml), mesma palavra (fornecido pela organização alguns segundos antes da competição começar).

Freestyle Sketch (Prioridade 15%)

Um membro da Crew executa um esboço sob as seguintes condições: mesmos marcadores (24 marcador de tipo de COPIC), mesma palavra (fornecido pela organização poucos segundos antes da competição começar), mesmo tempo: 90 Minutos.

VOTAÇÕES

Crews (70%)

O júri terá que avaliar as quatro categorias da competição: Produção, throw up, esquete e Tag nos critérios de harmonia, legibilidade, originalidade, composição, conceito e ritmo. Gigantes da cena graffiti internacional opinaram e decidiram a melhor forma de julgamento da competição o que deu origem às regras que vêem sendo aplicadas com sucesso desde 2006.

Depois da competição cada crew envia um representante para julgar as demais crews e este terá 45 minutos para julgar os competidores.

Júri (20%)

O writer Poet é o júri convidado. É claro que nem todos sabemos tudo, mas o importante é estar disposto a aprender cada vez mais sem esquecer dos fundamentos básicos do graffiti. É importante abrir os olhos para as inovações do graffiti no decorrer dos tempos.

Organização (10%)

Existirão critérios diferentes para serem votados pelos juízes e as crews, cada crew tem que dar de 1 a 5 pontos, assim será apontada as crews classificadas no ranking.

Haverá um calculo de acordo com as prioridades estabelecidas e cada categoria tem um sistema único de avaliação e regras.

Após as votações todos os pontos serão computadorizados num programa que seguindo uma fórmula apontará o vencedor final.

Mr.Dheo - "O Homem Sem Rosto"

Gaia.Julho.2007